Além do Bem e do Mal 2


Caspar David Friedrich - Der Wanderer über dem Nebelmeer (1818)


Tudo é apenas diferença, uma infinitude inefável, que nos transcende.
O ruim ou o bom são só diferentes dinâmicas, de sinergia ou entropia de um organismo, intensidade ou degeneração.

Não há instância última julgando nada. O maniqueísmo em nossa cultura é uma forma fraca de vida.

Somos só mudança, movimento. Na infinitude do ser existe a nossa possibilidade.
A cada momento tudo se transforma. Não há constância na existência. Em nossa memória somos estranhos de nós mesmos.

Somos apenas um fragmento do cosmos cego, caótico e violento.

Nossa visão, nossa experiência, nada mais são do que processos delimitados. Até mesmo a sensação de um "eu" é mais um movimento na estrutura do corpo. Nossa consciência é só parte de uma cena.
Nada passa de um devir imparável e indiferente, que dança sobre o abismo.


Este é o caos infernal que as religiões tanto tentam combater em vão.
No entanto, para quem é mais atento e passou a pensar como o cosmos, livre e leve, isso é a libertação completa de todo o fardo que formas de vida pálidas e reativas nos tentaram convencer de carregar, ou seja, a culpa, o dever e a esperança.


É a possibilidade de uma vida espontânea e sem o amargo da servidão. Nesse momento, um ato de bondade passa ser entendido como um gesto de força.
Passamos a não ser o servo castrado. A vida ganha um novo sentido, ou para ser mais exato, todos os sentidos.


Quando a sabedoria do filósofo encontra a alegria do louco e o encantamento da criança pelo novo, é a manifestação do puro poder de uma vida forte e pulsante. Um ser além do bem e do mal.

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