Pecado Original



Adão e Eva - Gustave Doré (1868)


Antes de qualquer discussão sobre política ou economia, todo defensor do Estado (e não somente os que se consideram de Esquerda) deve argumentar a favor da maior capacidade de alguns para decidir o rumo da vida de outras pessoas (melhor do que elas mesmas, em todas as decisões cruciais diárias que a vida nos exige). 

Admitindo-se que pudesse existir tais sábios, deve demonstrar que fomentar e aceitar tamanho poder nas mãos dessas poucas pessoas iluminadas não será mais prejudicial ou perigoso do que a soma dos erros individuais que cada pessoa possa cometer. Deve demonstrar que os atingidos direta e indiretamente por tais decisões não seriam capazes de se organizar de forma a se proteger de eventuais irresponsabilidades. Deve argumentar no sentido que somente e unicamente sob tutela de um soberano possa existir alguma forma de administração da vida.

Quem passa batido por essas questões está fugindo do âmago da discussão.
Antes disso, não é possível qualquer discussão clara e racional sobre política e economia.

Aparentemente, a submissão a qualquer monopólio da força é uma atitude irracional e suicida. 
Tais mentes iluminadas não existem e verdadeiros líderes são seguidos de forma voluntária, caso contrário são apenas tiranos.

O Estado é administração de um sociedade através da coerção e vontade unilateral de um grupo (algo semelhante a uma máfia para ser mais exato).
A única coisa que nos tirou da condição de bestas miseráveis foi a integração de indivíduos de forma voluntária, comedida, através de alianças e sociedades militares ou comerciais, através da liberdade econômica, mesmo que essa tenha sofrido diversos golpes por hordas armadas e sacerdotes manipuladores.

Nada é preto no branco e é possível que pessoas ligadas ao Estado ajam de forma muito mais libertária do que alguém na esfera da vida privada.
Porém, somente o trabalho, a criatividade e o comércio geram riqueza e uma possível troca de benefícios entre os indivíduos. O sistema estatal é algo essencialmente contraditório e maléfico.

O Estado representa o obscurantismo, o barbarismo e o imediatismo irresponsável bestial que existe em nós. Por isso a política é o espetáculo de horrores que acompanhamos todos os dias.
Somente a governança de forma privada e voluntária entre os indivíduos é uma escolha racional e lógica. 

Quem não consegue compreender tal raciocínio está totalmente alheio ao que toda tradição de pensamento libertário vem produzindo há mais de um século. Deve ter um pingo de humildade e procurar se familiarizar com autores como Hoppe, David Friedman, Rothbard, Mises e Bastiat.

Atualmente, a coisa mais importante para a manutenção de algo que chamamos de civilização é a busca por desmantelar o poder das armas nas mãos do Estado, que é o meio que diversas pessoas más intencionadas concretizam seus planos.
É uma questão de atitude e divulgação de conhecimento primeiramente, mas de empreendedorismo e sim, de resistência através de livre associações.
É buscar burlar e criar soluções para essa forma de organização arcaica e inadaptada à dinâmica do mundo atual.
Caso contrário, tudo indica uma disseminação de um Estado cada vez mais controlador e uma população cada vez mais frágil e adestrada.

Através do mercado, sem apoio de um Estado, só é possível obter poder e riqueza disponibilizando serviços, ou seja, também distribuindo riqueza em contrapartida.
Caso alguém no mercado comece a sabotar e impossibilitar qualquer tipo de concorrente não está mais exercendo de uma atividade mercantil e sim se portando como um Estado. Isso não acontece  somente porque a riqueza gera poder, mas porque as pessoas aceitam e são doutrinadas à obediência de autoridades coercitivas e totalitárias.

Estamos no momento vivendo exatamente essa situação. Um Estado sendo usado por diversas corporações que não sobreviveriam no mercado sem as regulações da máquina estatal que só protege os amigos do rei.

Mais simples que isso, só andar pra frente.

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